Os municípios de Curaçá, Uauá e Canudos, no sertão baiano, estão contemplados no lote 08 da chamada pública 002/2015 para execução do serviço de Assessoria Técnica e Extensão Rural – Ater em comunidades tradicionais de Fundo de Pasto. O projeto será executado pelo Irpaa e é uma parceria da SDR/Bahiater/Sepromi, do governo da Bahia.
A primeira atividade foram reuniões de articulação com parceiros nos referidos municípios nos dias 26 e 29 de fevereiro, com objetivo de articular e fortalecer parcerias, apresentar a proposta do projeto e definir estratégias de ação para execução do mesmo, respeitando a cultura e a ancestralidade das comunidades.
Integrando as diferentes experiências, buscando compreender os diferentes contextos, avanços e desafios para melhoria de vida de tais comunidades, a reunião de articulação com parceiros contou com a participação de diversas lideranças locais, associações, sindicatos, paróquias, Setaf/Bahiater e secretarias municipais. Para Valdivino Rodrigues, da Articulação Regional de Fundos de Pasto, “o projeto de Ater específico para comunidades de Fundos de Pasto é uma conquista importante para as comunidades, pois dará mais visibilidade para um modo diferenciado de viver nesta região”.
O projeto terá como temas principais questões fundiárias, captação e manejo da água da chuva, produção agropecuária agroecológica, educação contextualizada, protagonismo juvenil, viabilidade socioeconômica das comunidades tradicionais e organização da produção para comercialização. Todos estes são elementos fundamentais que contribuem para o empoderamento e auto sustentação das famílias no campo, garantindo assim segurança alimentar e nutricional, inclusão sócio produtiva e melhoria da qualidade de vida das famílias, tentando alcançar o Bem Viver nesta região.
Lúcio Conceição, do Fórum de Desenvolvimento Sustentável de Canudos e da Associação Comunitária de Barriguda, diz que as entidades que o mesmo representa serão parceiras na realização destas intervenções de Ater no município. Na avaliação do comunitário, é um avanço as comunidades tradicionais terem assessoria técnica específica, o que ele considera que vai oportunizar outras conquistas, acessos a políticas públicas e ao fortalecimento da articulação e organização comunitária. “É uma forma de tá conseguindo mais, como o Recaatingamento, a área de preservação ambiental, a gente vai dá uma retomada, além da parceria que a gente fortalece com estas ações na comunidade”, avalia.
Empoderamento
Para a jovem agricultora Roseli Ribeiro, da comunidade de Lajes das Aroeiras, em Uauá, a conquista com estas ações de Ater é também das mulheres e da juventude do campo, já que o público do projeto precisa ser de 50% de mulheres e 15% de jovens, garantindo a mulher ser também como protagonistas das atividades de preservação ambiental e criação de caprinos e ovinos, bem como oportunidades da juventude dá continuidade ao jeito de viver das comunidades tradicionais de Fundo de Pasto. “Muito tempo atrás a mulher só era para cuidar das atividades domésticas e hoje a gente percebe muito a participação ampla das mulheres nas reuniões e debates… antes nestes projetos que chegavam, só o homem podia assinar como chefes da família, hoje não, as mulheres também participam”, conclui.
O Irpaa trabalha com a concepção da Ater como um direito conquistado e que deve se construir como serviço de educação não formal, de caráter continuado, no meio rural e com intuito de promover processos de gestão, produção, beneficiamento e comercialização das atividades e dos serviços agropecuários e não agropecuários.
Texto: Diego Albuquerque (Colaborador Eixo Produção)
Edição e foto: Comunicação Irpaa
