Escola de Curaçá debate ação de mineradoras nas áreas de fundo de pasto

"Foi uma aula diferente"; disse a estudante Maria das Dores, após a exibição de vídeos, palestras e apresentação de teatro que muito despertaram a atenção de estudantes, professores/as e funcionários/as da Escola Estadual José Amâncio Filho, em Curaçá, na noite desta terça-feira (24).

Essa aula tão diferente foi mais um momento de reflexão não somente sobre a importância das lutas e desafios enfrentados pelas comunidades de Fundo de Pasto do município, mas também, sobre a ação devastadora das mineradoras que, a cada dia, ocupam novas áreas rurais de Curaçá, destruindo a Caatinga, os solos, os animais, a água e prejudicam o modo de vida das famílias que vivem nessas áreas.

A presença das mineradoras e suas ações nas áreas de Fundo de Pasto em Curaçá vêm sendo discutida pelas associações rurais do município com o apoio da Paróquia, Sindicato dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Sintraf), Irpaa, Pastoral do Meio Ambiente e, mais recentemente por artistas e estudantes, principalmente agora quando o país assiste o maior desastre social e ambiental da história provocado pela Mineradora Samarco em Minas Gerais.

Após as palestras e exibição de um vídeo sobre o desastre e prejuízos que a mineração provocou em Paracatu também em Minas, houve uma apresentação de teatro que falou do perigo e riscos das mineradoras e da necessidade das comunidades fazerem seu auto reconhecimento enquanto comunidades de Fundo de Pasto como forma de assegurar a permanência na terra e lutar contra todo tipo de ameaça que chegam nessas comunidades.

“Por causa das mineradoras nós não estamos mais com a Caatinga natural, mesmo com o reflorestamento que eles dizem que faz, não vai ser igual (…), e as serras não ficam mais natural. Em Serra da Canabravaninha, já perfuraram a serra em quatro lugares, disse estudante Maria das Dores, preocupada ainda com a questão da oferta de empregos trazida por esses empreendimentos. Ela completa:  "por mais que eles tragam empregos a natureza só vai cada vez mais se destruir".

O Vigário de Curaçá, padre João Sena, disse que a Igreja não pode estar fora desse tipo de discussão que busca a conscientização das pessoas para um problema que vem agredindo a natureza – obra de Deus oferecida a homem a mulher para que eles cuidem e não destruam. O Vigário lembra que na bíblia Deus disse: “Não façam nenhum mal a terra nem ao mar”, um versículo que diz muita coisa e que muito inspira a ação da igreja especialmente nesse momento tão difícil para o povo.

Foto/Texto – Comunicao Irpaa