Sem temer o sol, o calor e com muita animação, pescadores/as, agricultores/as e representantes de entidades populares ligadas a Articulação Popular São Francisco Vivo dos municípios baianos de Juazeiro, Sobradinho, Casa Nova, Remanso e Pilão Arcado promoveram na manhã do último dia 07, em Juazeiro, mais uma importante mobilização em defesa do rio São Francisco. A ação faz parte das atividades de celebração dos 514 anos que o São Francisco recebeu dos portugueses este nome, já que era conhecido como Opara pelos povos nativos.
As/os manifestantes, que a princípio se concentraram na praça da Catedral, saíram em caminhada até a orla nova de Juazeiro onde o ato foi encerrado depois de mais um abraço simbólico ao rio, em sinal de compromisso de todos/as em continuarem juntos na defesa do Velho Chico.
O pescador Paulo Alves, da comunidade de Pedreiras, em Pilão Arcado, relatou o quanto o povo ribeirinho vem sofrendo desde a época da construção da Barragem de Sobradinho. “Lá nós fomos retirados de lá da beira do rio, fomos ficar 12 km longe do rio (…) e agora secou, até pra beber água tá a maior dificuldade (…), tá se acabando é tudo. E num tem quem diga ‘vou tomar uma providência sobre isso’. Cadê a justiça? Não ouvem a gente porque a gente é pequeno”, externa o pescador.
O evento foi mais uma manifestação de protesto diante das agressões e ameaças que o São Francisco vem enfrentando e que há tempos vem sendo denunciadas pelos movimentos sociais em defesa do rio em toda sua bacia. A mobilização teve um tom bastante crítico em se tratantando da ausência de ações fiscalizadoras e políticas públicas efetivas que visem ao menos amenizar o estado agonizante em que se encontra o rio. O avanço do agronegócio e outros empreendimentos econômicos continuam fazendo uso desordenado da água em toda a bacia do rio São Francisco e de diversas formas contribuindo para a destruição deste rio que atravessa o Semiárido brasileiro e banha mais de 500 municípios.
Para Risoneide Queiroz, do Conselho Pastoral dos Pescadores/as, disse que é preciso continuar fazendo esse tipo de manifestação em defesa do rio e contra todos os projetos que continuam acelerando o processo de destruição do mesmo, a exemplo dos projetos de irrigação, que mais sugam a pouca água do rio em nome de um modelo de desenvolvimento inviável e que só destrói os bens naturais.
Uma das lideranças do Movimento dos Pescadores/as Artesanais Regional do Recôncavo Baiano, Marizelia Lopes, lembrou que nesse mesmo dia, outras manifestações em defesa do São Francisco aconteceram em Brasília, Minas Gerais e em outros estados, e que será necessário fazer essas mobilizações para chamar a atenção também da sociedade em geral e principalmente do governo para a grave situação em que se encontra o Rio São Francisco.
Texto e fotos: Comunicação Irpaa