O grupo de organizações parceiras do Projeto de Assessoria Técnica e Extensão Rural – Ater voltado para agroecologia, executado pelo Irpaa e Sasop, se reuniu na última quarta-feira (12) para conhecer os primeiros resultados dos Diagnósticos Rurais Particicipativos (DRP’s) realizados nas comunidades contempladas com o projeto nos municípios de Juazeiro, Curaçá, Uauá e Sento Sé. Na oportunidade foi possível avaliar as metodologias e instrumentos utilizados no projeto, a exemplo do mapa e histórico da comunidade, diagrama de Veen, etc.
O projeto iniciou com a articulação de parceiros nos municípios e em seguida foi feita a mobilização e identificação de 400 famílias, as quais manifestaram interesse para transição agroecológica. Em seguida foi feita a caracterização do agroecosistema das famílias para assim realizar os DRP’s nas comunidades, os quais foram socializados nesta reunião com a participação da equipe técnica do projeto, Embrapa Semiárido, Núcleo Sertão Agroecológico da Univasf e Instituto Federal do Sertão de Pernambuco.
Segundo o colaborador do Irpaa que coordena o Ater Agroecológico, Diego Souza, este momento foi importante para aperfeiçoar as metodologias que vem sendo usadas pela equipe do Irpaa junto com estudantes do Núcleo Sertão Agroecológico que realizaram os DRP’s em 22 comunidades distribuídas nos quatro municípios acompanhados pelo Irpaa.
A próxima etapa será a devolutiva do Diagnóstico com as comunidades, o que será feito a partir de metodologias discutidas na reunião, as quais ajudarão a equipe na etapa de planejamento participativo das atividades a serem desenvolvidas junto às famílias. "Os DRP’s são ferramentas importantes na organização das comunidades, pois é possível reunir, pensar e propor caminhos para superar os desafios cotidianos, além de valorizar o potencial local", pontua Diego, citando como exemplo aspectos como o turismo rural e artesanato, bastante apontados pelas comunidades, além dos aspectos produtivos.
O Projeto “Promoção da Agricultura Familiar por meio da ATER agroecológica para o desenvolvimento rural sustentável no Território Sertão do São Francisco” é parte da Chamada Pública Incra e SAF/Dater nº 12/2013 e contempla mil famílias em oito municípios, sendo que 400 famílias contam com acompanhamento do Irpaa e 600 do Sasop. Esta iniciativa integra a Política Nacional de Agroecologia, que propõe uma maior participação das famílias em todas as etapas de execução do projeto, garantindo no mínimo 50% de mulheres e 30% de jovens.
Uma Extensão diferenciada
A proposta de uma Assessoria Técnica voltada para agroecologia é uma forma de fomentar o desenvolvimento das famílias a partir da lógica da Convivência com o Semiárido. Além disso, possibilita a materialização de uma proposta de extensão universitária que de fato ultrapasse os muros dos centros de ensino e pesquisa e se paute a partir da realidade das comunidades. “A academia se abre, a academia se mostra e a academia se deixa aprender com essas instituições, eu acho que a academia só tende também a ganhar", enfatiza a professora Cristiane Marinho, do IF Sertão de Pernambuco.
Este tipo de extensão tem por base a educação popular, e, de acordo com a professora, esta troca de saberes e experiências são importantes e revelam a importância das metodologias particicipativas para a significação dos conteúdos. "A gente consegue contextualizar melhor o conhecimento científico, entender que ele não é algo pronto e acabado, […] assim as instituições de pesquisa se tornam mais povo, mais gente, mais humanamente construída", opina Cristiane.
Texto: Comunicação Irpaa
Foto: Eixo Produção e Comunicação Irpaa