Campo Formoso debate política de acesso e gestão de água

Na última quinta-feira (23), lideranças comunitárias, poder público e organizações da sociedade civil do município de Campo Formoso (BA), se reuniram no auditório do Sintrap para debater a política de acesso e uso  a água  na região.

O encontro foi iniciado com a contextualização da luta pelo acesso a água e o trabalho da Comissão Municipal de Água na execução do programa de construção da cisterna de consumo humano. Depois a explanação foi sobre as características da região semiárida e qual o cenário do acesso e distribuição da água no Brasil, onde as/os participantes foram questionados se o problema atual é de falta d’água ou gestão. “É falta de gestão, nas comunidades existem a água, só não está sendo bem usada… é preciso ter consciência do cuidado com o meio ambiente e investimento do poder público em reservatório de água”, pontua o agricultor Jaide Miranda, presidente da associação de Limoreira.

Posteriormente, foram apresentados os diversos usos da água no Brasil (6% da água é utilizada nos domicílios, 22% da indústria e 72% agronegócio), a necessidade da construção do Plano Municipal de Saneamento Básico e sua importância na preservação da água e na garantida do mesmo. As cincos linhas de luta pelo acesso a água, defendida pelo Irpaa, também foi pauta do encontro e as contribuições das tecnologias sociais na garantia da permanência das famílias nas comunidades rurais a partir do desenvolvimento sustentável da agricultura familiar, ressaltando a necessidade de cuidar do meio ambiente. Após toda a explanação, o grupo foi estimulado a debater em equipe o que a comunidade de Campo Formoso quer com o plano de saneamento e quais as estratégias para sensibilizar o poder público da importância da construção desse plano.

Para o facilitador Álvaro Luiz, colaborador do Irpaa, o debate do saneamento básico é muito importante para esclarecer que o saneamento não é apenas o tratamento do esgoto, mas englobam outras questões, a exemplo da coleta de lixo, tratamento dos dejetos, o manejo de águas pluviais e manejo de resíduos sólidos. Além de muita gente acreditar que o saneamento básico é apenas na cidade, “quando se fala da construção do plano de saneamento básico, muita gente pensa que é só para a cidade e é uma oportunidade inclusive que as comunidades rurais tem para inserir suas pautas nesse plano e garantir recursos para as demandas das comunidades…melhorando a qualidade de vida das famílias”, comentou Álvaro.

A partir da discussão em grupo foi levanto a necessidade de democratização do uso da água, da coleta seletiva do lixo e reciclagem do mesmo, recaatingamento, preservação dos mananciais existentes na região, garantia de água de qualidade para toda comunidade, entre outras questões. Esteve em discussão a realização de levantamento da realidade hídrica no município, realização de audiência pública sobre o saneamento, utilizar as ferramentas de comunicação (redes sociais, rádios, manifestações) para sensibilizar o poder público e a comunidade em relação à temática e apresentar projetos com as particularidades de cada comunidade de Campo Formoso.

Iodete Cassiana, integrante da associação de líderes de Campo Formoso, ainda coloca a necessidade de não deixar todo o debate acabar nesse encontro. “É preciso levar essas informações para nossos momentos de formações e encontros”, pontua Iodete. O Seminário foi organizado pela Comissão Municipal de Água de Campo Formoso, Sintraf em parceria com o Irpaa, que está executando o projeto Mais Água no município.

Texto e Foto: Comunicação Irpaa