Colaboradores/as visitam famílias do interior de Campo Alegre de Lourdes

Em Campo Alegre de Lourdes, a "lata d’água na cabeça" ainda faz parte da realidade de muitas mulheres

Em visita às famílias de agricultores/as do interior de Campo Alegre de Lourdes (BA), colaboradores/as do Irpaa conheceram a realidade de alguns beneficiários e beneficiarias da 2ª etapa do Projeto de Assessoria Técnica e Extensão Rural- Ater, executado pela entidade. A assessoria busca contribuir com a melhoria da qualidade de vida dessas famílias, a partir de ações de Convivência com Semiárido e dos conhecimentos de cada agricultor e agricultora.

O difícil acesso à água, saúde, educação e a moradias de qualidade, entre outras políticas públicas, faz parte da realidade das famílias visitadas. Algo comum também entre as/aos agricultores/as é ter como principal fonte de renda o Bolsa Família. Diante deste contexto, a expectativa com a implementação do projeto Ater é grande, pois esperam potencializar as atividades produtivas já exercidas ou viabilizar novos horizonte em relação à cadeia produtiva dessas famílias.

Sirlene Pereira da Silva e seu esposo José Roberto Oliveira, que moram na comunidade da Lagoa, fazem parte do conjunto de beneficiários/as do Ater. O casal atualmente desenvolve atividades agrícolas, como plantio de feijão, milho, entretanto, não conseguem ter uma boa colheita devido ao período longo de estiagem. Porém, com a assessoria e acesso ao fomento, o casal pretende investir na criação de cabras, que segundo José “é melhor pra gente, tem mais rendimento, tem mais futuro”. Ele acredita que este investimento é viável devido à propriedade ter pasto e caatinga para alimentação do rebanho e já ter tido experiência na criação dos animais.

Enquanto isso a família de D. Domingas Angélica dos Anjos, da comunidade de Baixão Grande, pretende investir na apicultura e no quintal produtivo, prática que já vem sendo realizada pela agricultora. Domingas têm canteiros, onde cultiva hortaliças para o consumo da família e comercializa na vizinhança. “Eu queria mesmo era investir na criação [cabra], mas se a gente criar e demorar a chover, é preciso comprar água”, explica a agricultura que tem como principal fonte de água o barreiro comunitário, que hoje é utilizado por mais 15 famílias da comunidade e no período prolongado de estiagem o mesmo chega a secar.

O barreiro comunitário também é uma tecnologia social presente na comunidade do Baixão Novo, onde mora D. Benedita da Silva Prima, que relata que todos os dias no período da manhã e ao entardecer as mulheres vão ao barreiro pegar água para o uso diário. Devido a pouca disponibilidade de recursos hídricos, ela não consegue ter um quintal produtivo e nem uma boa colheita dos produtos agrícolas cultivados na propriedade.

Diante dessas realidades, durante a execução do projeto de Ater serão encontrados diversos desafios, a exemplo de famílias com poucas condições de investir nas produções, estradas em péssimas condições, o que dificulta o acesso às comunidades e o escoamento dos produtos oriundos das mesmas. Outra questão é em relação ao acesso a água e terra em tamanho apropriado, pois é necessária a garantia desses direitos para que as famílias possam conviver de forma adaptada com o Semiárido.

Texto e Foto: Comunicação IRPAA