Estudantes do curso de pedagogia Plataforma Freire da Universidade do Estado da Bahia participaram de uma atividade na comunidade de Melancia, município de Casa Nova, localidade onde eles estudam e são professores/as da rede municipal. Nesse último sábado, os educadores/as puderam conhecer e debater as ações de Convivência com o Semiárido desenvolvida pelo Irpaa e demais instituições da região.
Durante a trilha de Convivência com o Semiárido, cerca de 38 professores/as conheceram às tecnologias para a captação e armazenamento de água da chuva, os animais, os cultivo e as pastagem adaptados às condições climáticas da região. Eles/as também tiveram a oportunidade de ver de perto o projeto Recaatingamento e a unidade de beneficiamento de mandioca na comunidade.
Na ocasião, dialogaram sobre o acesso a terra, a educação contextualizada, a importância da organização social para o fortalecimento da comunidade, às políticas públicas voltadas para o Semiárido e demais temáticas. Toda essa conversa foi mediada por colaboradores/as do Irpaa e por moradores/as da comunidade.
O percurso da trilha contemplou algumas propriedades da comunidade, demostrando in loco a proposta de Convivência e como os moradores vivem de forma digna, potencializando as riquezas oferecidas pela Caatinga de forma realmente sustentável. Este é o mesmo espaço ao qual o grupo está inserido e desenvolvendo o seu papel de multiplicadores/as de conhecimento, como educadores/as.
Repensando o curriculum escolar
Rubenice Gonçalves, professora da disciplina educação para o campo e responsável pela atividade, fala que a proposta desse momento surgiu da observação do distanciamento que esses estudantes têm a partir da educação do campo. “Eu percebia pela fala dos professores que eles não conheciam a realidade, muitos deles não tinham essa convivência com zona rural e eles tinham essa dificuldade muito grande de trazer essas discussões para dentro da sala de aula por falta de conhecimento”, afirma.
Para a Rubenice um dos objetivos dessa visita é possibilitar que esses educadores/as repensem e reconstruam o curriculum da escola do campo, (re)aproximando esses estudantes da sua realidade. Durante a caminhada, alguns participantes demostraram interesse em mudar o olhar e as ações dentro da sala de aula, sejam nas escolas do campo ou não.
A estudante Silvia Castro, comentou como a vivência desse dia vai permitir que os conteúdos trabalhados em sala de aula, com seus estudantes, sejam de forma contextualizadas. “A partir do que você viu aqui, como o Recaatingamento, a importância da Caatinga para esse povo que mora aqui, isso em sala de aula vai ser trabalho contextualizado… o aprendizado vai ser mais efetivo para o aluno”, declara.
Além de conhecer toda a proposta de Convivência com o Semiárido, o grupo pode conhecer a história, as ameaças, os desafios e conquistas da comunidade, através dos relatos dos moradores. Para a moradora Nazaré Silva, essa visita ajuda a valorizar a comunidade e toda sua trajetória de luta e organização, “dentro na nossa comunidade, da nossa luta vai valorizar nós … as pessoas vão sair daqui comentando o que viu, o que foi bom e que foi ruim”, conclui.
De acordo com Rubenice, a partir dessa vivência o próximo passo será a construção de diretrizes para as escolas do campo de Casa Nova, considerando todo o contexto ao qual ela está inserida.
Texto e Foto: Comunicação Irpaa