Inspiradas na beleza, na força e no potencial da Caatinga, milhares de mulheres do Semiárido sonham e lutam por uma sociedade mais justa, onde haja igualdade de gênero, garantia de direitos, e, sobretudo, onde a mulher seja reconhecida como protagonista de sua história.
O 08 de março precisa ser um momento de fortalecimento da resistência e adesão às lutas diversas que vem sendo construídas ao longo das gerações por muitas companheiras que contestaram a naturalização de uma realidade opressora, machista, patriarcal.
Por muito foi negado às pessoas do sexo feminino o direito à educação formal, ao trabalho remunerado, ao voto, ao exercício de tarefas e funções tidas como masculinas. Por muito tempo as mulheres foram privadas de fazer suas escolhas pessoais, de vestir-se como gostariam, de estar em determinados ambientes, de contribuírem com a construção política e econômica da sociedade.
No Semiárido, especialmente no campo, durante muito tempo a mulher carregou água na cabeça, andou quilômetros para lavar roupa, cuidou da família, da casa. Muitas tinham a função ainda de cuidar dos animais, da roça, tudo isso, porém, sem o menor o reconhecimento de sua importância. No máximo, entendia-se como uma "ajuda" aos homens.
Aos poucos essa realidade vem mudando, graças à luta de muitas companheiras que ousaram gritar por transformações, erguendo a voz dentro dos movimentos sociais, fazendo ecoar suas opiniões dentro de casa, no meio político, social, cultural. Foi assumindo bandeiras que reinvindicam ações afirmativas, reparadoras, emancipadoras que vieram leis, políticas públicas, programas e ações que contribuem para o fortalecimento da cidadania e da autonomia das mulheres.
Mais do que presentes e homenagens, as mulheres do Semiárido e do mundo inteiro, clamam por respeito, pelo fim da violência contra a mulher que ainda registra números absurdos diariamente, pelo fim da discriminação racial, da exposição da mulher como objeto sexual, o que tem sido cada dia mais intensificado pela mídia.
Neste dia Internacional da Mulher, quando há uma universalização desta pauta, cabe o clamor pelo fim das desigualdades socias, pelo fim de toda e qualquer exploração das mulheres que, para além da beleza, do poder da maternidade e de outras características lembradas especialmente neste dia, ainda são como as borbletas que precisam romper seus casulos para voar.