Entre os dias 05 e 08 de novembro, integrantes da Associação de Missionários/as do Nordeste – AMINE se reuniram em Jaguarari na XVII Assembleia anual da entidade, que este ano baseou suas discussões no tema “Os Grandes Projetos de Desenvolvimento e os impactos sobre o meio ambiente, a saúde do povo e o modo de vida das populações”.
Padres e freiras, missionários/as, leigos e leigas, religiosos/as integrantes da associação encaminharam demandas internas da instituição, além de realizar momentos estudo e de oração e reflexão, sempre com animação dos cantos populares que chamam atenção para a importância da caminhada da igreja em defesa dos pobres.
No terceiro dia da assembleia, representantes do Irpaa compartilharam informações relacionadas ao contexto atual da estiagem no Semiárido brasileiro e em seguida facilitaram o debate acerca dos principais projetos existentes ou em desenvolvimento hoje nos diversos estados do Nordeste, os quais tem provocado sérios impactos negativos para a preservação ambiental e para a vida das pessoas de modo geral. As/os participantes apontaram os principais problemas que obras como a Transposição do Rio São Francisco, Ferrovia Transnordestina e empreendimentos como mineradoras, parques eólicos, complexos portuários, etc, tem trazido para a região, em especial para as comunidades rurais que sofrem de forma mais direta com isso.
Animação para a luta
As discussões estimularam o grupo a reafirmar a necessidade de enfrentar tais problemas nas áreas onde a AMINE está representada e encaminharam estratégias para tal, ressaltando, sobretudo, a preocupação com a juventude neste contexto. A preservação das culturas, do modo de vida camponês e das lutas e movimentos de resistência também foram necessidades levantadas. “Todos nós que assumimos um compromisso missionário, assumimos o compromisso por uma nova sociedade e isso implica dizer que a gente precisa transpor esse modelo de desenvolvimento econômico que aí está, que beneficia o agro e hidro negócio, beneficia a classe dominate que historicamente vem explorando as minorias, expulsando o povo da terra”. disse João Irineu, educador popular da Paraíba e membro da associação. Para ele, a educação popular tem papel fundamental nesse processo: “A gente precisa fortalecer a análise do que está por trás desse discurso de desenvolvimento”, defendeu.
Para o atual presidente da AMINE, Regis Gonçalves, é importante que se discuta os benefícios e principalmente os prejuízos dos grandes projetos para a partir daí trabalhar com as comunidades. “Nós que estamos ligados diretamente com as comunidades, com o povo, que são as pessoas que sofrem diretamente com isso, temos que discutir cada vez mais para que a gente possa se aprofundar, por isso o tema dessa assembleia foi esse”, justifica o missionário que atua na região de Jaguarari.
A assembleia aconteceu na Paróquia São João Batista, pertencente a Diocese de Senhor do Bonfim, e contou com a participação de cerca de 30 membros da AMINE representantes dos Polos São Francisco, Mandacaru, Litoral e Ceará.