Educadores/as e gestores/as de educação dos municípios baianos de Curará, Canudos, Capim Grosso, Juazeiro, Uauá, Pilão Arcado, além de Itacuruba em Pernambuco, fazem uma interessante amostra de experiências de educação voltadas para a realidade do Semiárido. Esses profissionais estão participando de mais um Encontro Intermunicipal de Educadores e Educadoras do Semiárido que acontece no período de 30 de outubro a 1º de novembro no Centro de Formação do Irpaa em Juazeiro.
Além das experiências muito bem pautadas nas realidades de cada município, ponto alto desse encontro, assuntos como direito à educação contextualizada, aprendizagem significativa, currículos escolares e formação continuada dos/das professores/as também estão na pauta do evento organizado por integrantes do Eixo Educação do Irpaa.
Uma das palestrantes do encontro, a professora Adelaide Pereira, representante da Comissão Pastoral da Terra (CPT) e da Rede de Educação do Semiárido (RESAB ) debateu a temática Currículo Contextualizado e Aprendizagem Significativa. Adelaide disse que a proposta de educação para Convivência com o Semiárido, pano de fundo de toda a discussão, é uma ação que articula conhecimentos que dão significados às tantas realidades desta região, através de uma aprendizagem mais significativa que discute por exemplo, a água, a terra e o bioma caatinga com todos os tipos de vida e as relações das pessoas com este bioma, que deve ser estudado com todo seu potencial capaz de gerar desenvolvimento para as pessoas através de uma nova lógica que considere a cultura e os costumes do lugar.
A professora destaca a importância da formação continuada com as/os professores/as nesse processo que instiga um diálogo de saberes com os conhecimentos construídos e seus significados a partir das possibilidades de como viver bem no Semiárido. Ela destaca ainda a metodologia aplicada nesse processo presente nos currículos escolares, nas disciplinas e que permeia toda a escola, proporcionando formas de intervenção nos modelos de ensino com o objetivo de desmistificar estereótipos e preconceitos impostos sobre esta região.
Experiências
Escola Família Agrícola de Jaboticaba (Região de Capim Grosso) – Experiência baseada na interação Escola/Comunidade/Sociedade. Tem um currículo adaptado à realidade local e atua na valorização da cultura e conhecimentos produzidos pelas comunidades atendidas pela escola. Destaca a importância da apicultura como atividade produtiva praticada pelos estudantes e incentivada pela escola.
Escola José de Amorim (Lagoa do Salitre – Região de Juazeiro) – Destaca o trabalho de consciência ambiental a partir da preservação da água e as formas de coleta e reaproveitamento do lixo. Discute com estudantes e comunidade os efeitos causados pelo acúmulo do lixo e possibilidades das pessoas melhor se relacionar com esses problemas ambientais.
Escola Joca de Oliveira (Região de Juazeiro) – Mostrou projeto pedagógico que discutiu o sertão, a caatinga e o povo nordestino a partir do enredo da novela “ Cordel Encantado” , elemento da ficção que muito estimulou as/os estudantes a melhor compreender o Nordeste e seus fenômenos sociais como: o cangaço, o coronelismo, a guerra de Canudos.
Outros projetos e experiências de educação contextualizada e voltadas para a realidade do Semiárido foram mostradas por esses/as educadores/as que de alguma forma estão construido propostas inovadoras de políticas públicas que venham melhorar a qualidade da educação no Semiárido a partir de tantos elementos e valores que precisam ser considerados nos modelos de ensinos que são aplicados nesta região.