Empreendimentos de Agricultura Familiar participam de Seminário sobre certificação orgânica

A dificuldade de certificação dos produtos nos empreendimentos de Agricultura Familiar do Território Sertão do São francisco tem sido um dos principais motivos que causam entraves ao processo de expansão da comercialização desse tipo de produção.

Com o objetivo de estudar, debater e encaminhar procedimentos de Certificação Orgânica Participativa, entre os dias 24 e 29 está acontecendo o Seminário Territorial sobre Certificação de produtos da Agricultura Familiar e Economia Solidária, realizado pelo IRPAA e pela Cospe (Cooperação para o Serviço de Países Emergentes) no Centro de Formação Vargem da Cruz, localizado no Jardim Primavera, em Juazeiro (BA).

Representantes de cooperativas, associações ou grupos informais de Casa Nova, Sento Sé, Remanso, Curaçá e Juazeiro, integrantes da Rede Sabor Natural do Sertão, participam da formação que visa capacitar multiplicadores/as para o processo de certificação nos empreendimentos do Território, uma vez que apenas a Cooperativa de Agropecuária Familiar de Canudos, Uauá e Curaçá – Coopercuc dispõe da certificação de sua produção orgânica.

O evento conta com a participação do ICEA (Instituto para Certificação Ética e Ambiental) que tem atuado na certificação de produtos orgânicos para exportação. Para um dos integrantes do Instituto, Fábio Piciolli, que está colaborando com a capacitação, o processo de certificação pode avançar em conjunto com o desenvolvimento da região, uma vez as condições para isso já estão sendo oferecidas. Piccioli destaca ainda que o mercado internacional de produtos orgânicos tem crescido, principalmente quando se trata de frutas tropicais como a manga, banana, maracujá e outros produtos gerados dessas matérias-primas.

Na região do São Francisco, hoje já existe uma vasta produção orgânica, com destaque para o cultivo de frutas, as quais são vendidas in natura, sobretudo para omercado internacional. A consultora em gestão, plano de negócios e comercialização, Rose Batista, diz que a exportação hoje representa mais de 50% da produção orgânica certificada na região. Segundo Rose, muitos grupos trabalham com beneficiamento, por isso é necessário que se desenvolva uma linha de orgânicos que são usados como matérias-prima dos alimentos produzidos. A falta disso tem sido o principal entrave no processo de certificação orgânica, que exige o uso de matérias-primas totalmente orgânicas. “Já existe uma boa produção orgânica, falta os grupos se organizarem, buscar os apoios que existem”. Além disso, a consultora, que representa a ONG Visão Mundial, avalia que o consumo de orgânicos tem crescido, mas que  o mercado nacional precisa ser melhor trabalhado, visto que a maior parte da produção é vendida para o mercado internacional.

Atualmente, no processo de venda para o mercado ou para programas institucionais, a certificação se dá no formato de certificação por auditoria ou sistema participativo, com vistas a aquisição do selo “produto orgânico”, concedido pelo Ministério da Agricultura. Já quando o objetivo é a venda direta para o consumidor uma organização de controle social que avalia o produto como orgânico.

Durante o seminário, será realizada uma simulação de campo em dois empreendimentos de Uauá, oportunidade em que as/os participantes irão conhecer na prática o processo de certificação.