Cientes da importância de preservar o bioma caatinga, de onde muitas famílias tiram o sustento, as/os moradores das comunidades contempladas com o Projeto Recaatingamento – desenvolvido pelo Irpaa em sete comunidades Fundo de Pasto do sertão da Bahia – se animam ao verem os brotos que começam a surgir nas estacas de espécies nativas plantadas recentemente nas áreas protegidas para recuperação e preservação.
Na comunidade de Fartura, a 87 Km da sede de Sento Sé, as estacas de umburana que foram plantadas em mutirão no mês de julho hoje já apresentam folhagens, confirmando a técnica de plantio de estacas como uma importante prática que garante a reprodução das árvores adaptadas à caatinga.
O recaatingamento das áreas degradadas ajuda a proteger o solo da ação da enxurrada e do vento que contribuem para existência de fenômenos como as erosões. O plantio das estacas é feito disperso ou formando cercas vivas, barreiras formadas pelas próprias plantas que impedem a entrada de animais herbívoros. Com o passar dos anos, as estacas plantadas hoje poderão ser aproveitadas pela comunidade para o extrativismo de frutas silvestres, uso na medicina alternativa, fins madereiros, além do aproveitamento do potencial forrageiro.
Outro resultado constatado no local cercado para recuperação na comunidade de Fartura foi o aparecimento de animais silvestres ameaçados de extinção, a exemplo do tatu bola, o que está de acordo com um dos objetivos do projeto: preservar o habitat natural das espécies da fauna da caatinga. Na área coletiva da região são 138 hectares isolados com cerca elétrica ecológica e 2500 ha sob plano de manejo sustentável.
Nas proximidades das residências da comunidade está em construção a Mini-Fábrica de Beneficiamento de frutas nativas e cultivadas para produção de polpas, uma ação também do Projeto Recaatingamento, que conta com o patrocínio da Petrobras. A iniciativa conta com o envolvimento das/dos moradores, escola e associação da comunidades, os quais são responsáveis pela continuidade da ação após a conclusão do projeto.
Comunidade recaatingueira
Na região de Fartura as famílias investem na caprinovinocultura e também na produção de derivados do leite de cabra, como a fabricação artesanal de queijos e doces. A presença de solos arenosos, argilosos e carrascos proporciona uma diversidade vegetativa bem caraterística.
A comunidade tem participado ativamente do desenvolvimento do projeto, se envolvendo nos mutirões para plantios, nos cursos e demais atividades promovidas acerca do tema. A escola do povoado tem trabalhado bastante a temática com as/os estudantes, colocando em prática a proposta de educação contextualizada, algo que tem sido feito em parceria com unidades escolares de comunidades vizinhas como Limoeiro e Cabeluda.