Um dos maiores desafios para manter as famílias camponesas em suas comunidades no Semiárido passa por investimentos em tecnologias que assegurem o potencial produtivo dessas famílias. Nos últimos anos, este propósito tem direcionado projetos e ações de diversas ONG’s e órgãos governamentais que atuam na região.
Assim, uma produção adaptada ao clima tem sido a base da proposta de Convivência com o Semiárido, que ao longo dos anos vem se consolidando principalmente a partir do acesso as fontes de água para produção agrícola e pecuária, associada a promoção de práticas que confirmem a agricultura familiar como um modelo de produção justo, valorizando também as experiências dos produtores e produtoras.
A contribuição do Irpaa no fortalecimento da Convivência com o Semiárido
Em Tatauí, área de sequeiro do município de Sobradinho – BA, a propriedade familiar de Seu Francisco Feitosa e Dona Ana Lúcia é um exemplo bem sucedido de um cultivo variado de frutas e hortaliças, irrigadas com água de chuva armazenada na cisterna de produção adquirida através do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2)., gerenciado pelo Irpaa na região. Na horta construída próxima à casa da família é fácil encontrar pés de cebola, pepino, rúcula, couve e principalmente coentro, pimenta e alface. Os alimentos, produzidos sem a utilização de produtos químicos, além de serem consumidos pela família, se transformam em uma opção de renda. O casal chegou a colher 140 molhos de coentro em apenas dois canteiros. Para variar ainda mais o cultivo, a família mantém fruteiras como laranja, pinha, melancia, melão.
Para Seu Francisco, o sentido da produção está em ter alimentos saudáveis para sustentar a família, sem precisar sair em busca de formas de sobrevivência na cidade, por exemplo. “Quando sobra para vender, melhor ainda” comenta. A ausência de agrotóxicos é também um elemento indispensável neste modelo de produção, o adubo utilizado vem do esterco fornecido pelos animais criados.
Também em Caititus, interior de Uauá- BA, um grupo de mulheres com tradição no cultivo de hortaliças, vem há anos abastecendo a cidade com uma variedade de cebola, alface, coentro e pimentão. Dona Joana de Souza, de 57 anos, líder do grupo, diz que em Caititus, as mulheres contribuem muito com as despesas da casa a partir do plantio e venda das verduras.
Iniciativas como estas confirmam a eficácia das ações desenvolvidas por diversas ONG’s no Semiárido. Os programas e projetos contemplam a proposta de Convivência com o clima, uma vez que trabalham na perspectiva de desenvolver práticas e concepções sobre a região, evidenciando a existência de inúmeras alternativas capazes de melhorar a qualidade de vida de mais de 15 milhões de pessoas que vivem nesta área do país.