Um grupo de 30 agricultores e agricultoras dos municípios de Juazeiro, Jaguarari, Uauá, Sento Sé, Curaçá e Sobradinho participaram nos dias 14, 15 e 16 de março do intercâmbio do Projeto Aguadas, executado pelo Irpaa em convênio com o Instituto de Gestão das Águas e Clima (INGÁ), do Governo do Estado da Bahia.
As atividades iniciadas com uma formação em Convivência com o Semiárido no Centro de Treinamento Vargem da Cruz, em Juazeiro, foram seguida de visitas ao estado de Pernambuco com o objetivo de conhecer novas tecnologias de captação e armazenamento de água da chuva.
Durante visita à Embrapa Semiárido em Petrolina-PE, as/os participantes assistiram a palestras sobre o potencial econômico da caatinga e as alternativas forrageiras para alimentação animal na região semiárida. Em seguida visitaram os experimentos de cisternas como a cisterna calçadão de 52 mil litros, e uma de 16 mil litros que fornece água para 36 plantas frutíferas durante o ano todo. Outro experimento observado foi a enxertia do umbuzeiro com outras árvores frutíferas do mesmo gênero, como a ciriguela, a umbuguela, o umbu cajá e o cajá manga.
Barreiro Lonado: experiência do Araripe
No dia 16, o grupo foi recebido no município de Ouricuri – PE, pela equipe técnica do Centro de Assessoria e Apoio aos Trabalhadores e Instituições Não Governamentais Alternativas – CAATINGA, uma Ong, que assim como o Irpaa, tem como missão a promoção da Convivência com o Semiárido. O objetivo da visita foi conhecer a tecnologia do barreiro lonado e para isso,os agricultores e agricultoras e membros da equipe do Irpaa e do Caatinga se deslocaram para a comunidade de Lagoa do Pau Ferro, a 47 km de Ouricuri.
Para Dona Maria de Lourdes, de Sobradinho, conhecer o barreiro lonado foi uma boa experiência e a mesma já faz planos para levar a tecnologia para a sua comunidade. “Eu vi muita coisa que não conhecia e estou aprendendo. Com fé em Deus, se eu não fizer um com esse tamanho, mas faço com uns cinco metros”, afirma.
O Barreiro Lonado foi desenvolvido a partir dos princípios do barreiro trincheira, no entanto diferencia-se por ter o seu fundo coberto por uma lona plástica. Com dois metros de profundidade, 44 m de comprimento e aproximadamente um metro de largura no fundo e dois metros de largura de boca, chega a ter a capacidade de armazenar 152 mil litros de água, sendo mínimas as perdas por evaporação por ser totalmente coberto.
Em Lagoa do Pau Ferro, 13 famílias participaram da construção da obra e atualmente cuidam da horta agroecológica irrigada com a água do barreiro, como afirma Marinalva Conceição, 44 anos, agricultora familiar da comunidade de Pau Ferro: “Dividimos todo o trabalho, cada dia uma família se responsabiliza e vem aguar pela manhã e pela tarde; e quando colhemos as frutas e as verduras são divididas com todas as famílias”.
O processo de construção do barreiro lonado foi desenvolvida pelos/as técnicos/as do Caatinga e famílias agricultoras da micro-região do Araripe, no sertão pernambucano.