José Moacir dos Santos, técnico agrícola, sócio-fundador do IRPAA, esteve na Coordenação Geral da entidade nos últimos nove anos. Em entrevista à equipe de comunicação, ele destaca pontos importantes sobre o Instituto, como a participação mais sólida nas discussões de políticas públicas e os desafios para o futuro. Após anos colaborando na coordenação, Moacir retorna a equipe técnica atuando como responsável pelo projeto de Recaatingamento em Comunidades Agropastoris e Extrativistas. Atualmente, quem responde pelo cargo de coordenador Geral é Ademilson da Rocha, técnico em agropecuária e pedagogo, que anteriormente ocupava a Coordenação Institucional.
-Sobre as mudanças na conjuntura interna, Moacir relata:
“Há 20 anos o IRPAA possuía uma equipe pequena e tinha como financiador as entidades internacionais de cooperação, como a Misereor e Cáritas, ligadas à igreja e movimentos ambientais. O gestor, também coordenador, era Haroldo, existia uma equipe de campo e uma pessoa responsável pelo escritório. Depois a equipe foi aumentando, até que a instituição se estruturou por setores: criação de animais, agricultura, clima, água e educação. O setor de comunicação surge nesse momento, com destaque para os programas de rádio” (…)
“Começamos a caminhar pelo campo para divulgar o conceito de Convivência com o Semiárido. Após dez anos podíamos falar que alcançamos nosso objetivo: não mais se falava em combate à seca, mas em conviver com o clima, tendo qualidade de vida!”(…)
-Como se estrutura a Organização não governamental (ONG)?
A política institucional do IRPAA se baseia em Coordenações que dividem as responsabilidades: administrativa, institucional e geral. Cada membro permanece de três a nove anos no cargo. A diretoria da ONG homologa o resultado através de assembleia.
-Quais as mudanças na organização e filosofia da instituição?
Com a nova perspectiva da Coordenação Colegiada, passamos a receber financiamento de órgãos governamentais, mas sempre tendo em vista a proposta de Convivência, evitando conflitos na filosofia da instituição. Isso garantiu credibilidade tanto para os financiadores, quanto para os agricultores familiares. Não somos vinculados a nenhum partido… E hoje somos reconhecidos como uma ONG conceituada.
-Quais as principais conquistas do IRPAA?
Algumas conquistas da instituição referem-se à participação mais sólida nas discussões de políticas públicas, instigando a autonomia dos grupos e fortalecendo a luta pela educação contextualizada, hoje lei. Temas como importância da captação e do armazenamento de água da chuva, beneficiamento de produtos também são considerados avanços, já que hoje se verifica a ação mais concreta das comunidades nesses campos.
-E quanto aos desafios, quais são as perspectivas diante de 20 anos de existência?
Os principais desafios são a política de regularização fundiária, que esperamos avançar no governo atual; a preservação das áreas de caatinga e das comunidades tradicionais, contra a chegada das mineradoras no semiárido baiano; animação das famílias para participar ativamente das discussões e incentivo às políticas públicas.
Tudo isso vem sendo conquistado através da assessoria dos movimentos sociais de maneira diferenciada, compreendendo o meio rural como um espaço no qual estão presentes todos os elementos para o bem-estar social.