Canal ameaça Comunidades

Entidades Populares visitam comunidades ameaçadas pelo Projeto Canal do Sertão de Pernambuco

Entre os dias 22 e 25 de abril, foi realizado um Mutirão de visitas às comunidades ameaçadas pelo projeto Canal do Sertão de Pernambuco. A proposta do Mutirão surgiu a partir da necessidade de conhecer melhor o projeto e, sobretudo, a realidade das famílias e comunidades ameaçadas.
O mais visível para os mutirantes foi a desinformação por parte das comunidades visitadas, sendo que as poucas informações que chegam são pontuais e desencontradas, levando várias comunidades a confundir o projeto com o da Transposição do rio São Francisco. Os mutirantes se dividiram em três equipes para visitar as três regiões do Canal: Sertão do São Francisco (municípios de Casa Nova-BA; Afrânio-PE e Dormentes-PE); Sertão do Araripe (municípios pernambucanos de Araripina, Trindade, Exu e Ouricuri); e Sertão Central, que abrange os municípios de Serrita, Parnamirim e Cedro, todos em Pernambuco.

As principais conseqüências do projeto para as populações locais são a expulsão das famílias das suas terras; os subempregos (ou trabalhos análogos à escravidão); aumento da concentração de renda e das periferias rurais e urbanas.

Um dos elementos motivadores da atividade foi o fato de que hoje existem apenas informações oficiais, adquiridas através de jornais e do próprio governo. O Governo Federal fala em antecipar em cinco anos de execução da obra, prevista para 2026, dada a importância desta para os grandes projetos desenhados para a região. O mutirão foi o primeiro passo onde se envolveram 20 militantes de diferentes organizações que atuam em defesa do rio São Francisco, com o intuito, sobretudo, de ouvir as comunidades, registrar a realidade percebida e ao mesmo tempo dialogar com as famílias e comunidades trocando experiências e informações sobre o Projeto.

Ao final do Mutirão, foi realizada uma avaliação da atividade e o mais visível é a desinformação por parte das comunidades visitadas em relação ao que está previsto sobre o projeto, sendo que as poucas informações que chegam são pontuais e desencontradas, levando várias comunidades a confundir o projeto com o da Transposição do rio São Francisco.

Segundo Cícero Félix, da Comissão Pastoral da Terra (CPT), existe uma falsa propaganda de que o projeto vai matar a sede das comunidades e gerar milhares de empregos. “Algumas famílias ficam bastante esperançosas com a possibilidade de ter seus filhos cortando cana, sem precisar viajar para outras regiões do país. No entanto, quando refletimos um pouco mais sobre os reais propósitos do projeto e suas conseqüências para as populações locais, logo se acende nas pessoas um grande sentimento de revolta e indignação, provocando nas mesmas a necessidade de conhecer melhor o que está por trás do projeto e o que fazer para garantir os seus territórios”, afirma.

Alguns encaminhamentos também foram definidos, como: construir materialinformativo e formativo sobre o projeto e o posicionamento dos movimentos e organizações sociais, além de continuar o processo de articulação das comunidades ameaçadas, através do trabalho de base.