Durante o período de 02 a 14 de março último, o Irpaa reuniu no seu Centro de Treinamento, em Juazeiro-BA, um grupo de 40 novos multiplicadores da proposta de Convivência com o Semi-árido. Eram jovens, homens e mulheres, agricultores e agentes ligados a entidades populares dos estados da Bahia, Pernambuco, Ceará, Piauí, Alagoas e Sergipe.
Durante essa rica troca de experiências, os participantes da 18ª Escola de Convivência com o Semi-árido discutiram como é o clima e quais as viabilidades de produção apropriadas para o sertão. Conheceram melhor como são os períodos de chuvas e secas, e como preparar a produção familiar conforme as características do clima, aproveitando a água da chuva e do subsolo para viabilizar o abastecimento humano, animal e ainda garantir a água para a produção através de diversas tecnologias hoje tão bem difundidas, a exemplo da cisterna, caxios, cacimba, barragens subterrâneas, dentre outras.
Tendo uma compreensão mais clara sobre o clima e as formas de obter a água, as discussões apontam para as atividades econômicas mais adaptadas para as famílias do Semi-árido, onde a criação de animais de pequeno porte como cabras, ovelhas e galinhas, oferece excelentes oportunidades de renda e melhoria na alimentação, desde que se observem cuidados básicos com o manejo, alimentação e sanidade desses animais que fornecem uma grande quantidade de subprodutos que, quando beneficiados, agregam um melhor valor econômico para as famílias. Não esquecendo que a base para garantir essa atividade é quantidade de terra suficiente para a prática do pastoril, plantio de forragens e construção de aguadas, iniciativas pensadas, por exemplo, nos modelos de Fundo de Pastos praticado pelas famílias rurais no Semi-árido.
O curso também destaca a importância que a roça de sequeiro desempenha junto à economia familiar no sertão, quando manejada de forma ecológica, protegendo o solo com coberturas e adubação natural e não fazendo queimadas indiscriminadamente. Nessa parte do curso são discutidos os tipos de plantações que se adequam bem ao clima e oferecem renda, como fruteiras nativas ou adaptadas a exemplo do umbu, caju, maracujá-do-mato e outras que se transformam em doces, sucos, geléias processadas em mini-fábricas e cooperativas de produtores.
Outros assuntos, como discutir o modelo de educação que enxergue e discuta as potencialidades locais, crédito familiar, papel da mulher sertaneja na economia e nos espaços de decisões, papel da juventude no Semi-árido e o fortalecimento de instrumentos de intervenções políticas através das organizações populares, dão importante suporte nessa formação.
No final do encontro, os participantes saem com uma bagagem de conhecimento muito apurada sobre as viabilidades do Semi-árido, podendo assim multiplicar a proposta e até promover ações que intervenham diretamente nos projetos que visam um desenvolvimento social e econômico de forma sustentável para essa região.