Como a árvore consegue, nos meses mais secos do ano, formar folhas novas e frutificar? A explicação começa, quando se considera o número das pequenas frutas. São muitas milhares, que ocupam densamente os galhos. Maduras são comidas pelas pessoas e animais e a semente dura jogada fora até longe na Caatinga. Das inúmeras plantinhas que surgem com as chuvas, só algumas sobrevivem. Olhando com atenção, se pode observar uma incompreensível coincidência em certas manchas, enquanto em outros lugares nenhum pezinho de Juá sobreviveu. Pesquisas seguintes eludecem o aparente mistério: neste lugar passa pelo subsolo de granito uma fenda, repleta de água. Juazeiros são árvores de raízes profundas, que elevam a água, como bombas potentes, de profundidades de dúzias de metros.

 

O pé de Umbu coleta e armazena água.

 

A Caatinga ainda preserva muitos tesouros que, fora de região, pouco são conhecidos. Muitas são as plantas, conhecidas pela população, por seu efeitos medicinais, outras são forrageiras importantes e mais outras possuem um alto potencial para a alimentação humana. Uma árvore se destaca bastante. A sua fruta chama-se umbu. É redonda possui 3 cm ou mais de diâmetro, de uma cor verde - amarela atraente, doce e muito suculenta. Possui um aroma próprio saboroso, não comparável com qualquer das frutas conhecidas do Velho Mundo. Deixemos o seu suco passar lentamente sobre a língua, para sentir o maior tempo possível o sabor completo.

No tempo do umbu, de novembro a março, o umbuzeiro é o centro da atenção. Em pequenos grupos ou sozinhos, crianças e adultos, seja do interior ou das cidades, trilham pela Caatinga, de umbuzeiro em umbuzeiro, para colher em baldes, cestos e sacos esta fruta saborosa. E cedo de dia, em baixo das copa se reúnem cabras e ovelhas, para fazer dos umbus caídos durante a noite, seu café da manhã.

Esta fruteira nativa, produz seguramente cada ano e, com certeza, não precisará de água de irrigação.
Com o fim da estação chuvosa, a árvore logo perde as folhas e estende seus galhos despidos, parecendo mortos contra o céu sempre azul da Caatinga. Quando o calor e a secura, insuportáveis parecem, talvez em setembro, brotam na copa minúsculos botões florais. Não demora, logo o galhos se enfeitam de pequenas flores brancas que cedem lugar às frutinhas. Somente algumas semanas mais tarde aparecem as primeiras folhas. Mas ainda nenhuma gota de chuva. As pequenas frutas continuam crescendo e quando a primeira trovoada refresca a Caatinga, talvez em novembro, dentro de poucos dias a árvore recupera seu verde pleno e, não demorará, logo cairão os primeiros frutos maduros. - São em média 300 kg, por ano e árvore.

Como esta fruteira consegue se preparar tão bem, já no meio da estiagem, fazer brotar frutos e folhas, para depois, logo na primeira chuva, poder aproveitar plenamente a umidade da estação chuvosa, muitas vezes curta demais. Intrigante, muitas vezes é a localização do umbuzeiro. Às vezes em ambiente pedregoso, em solos pouco profundos e sem água subterrânea.
Um exame minucioso do solo embaixo da copa revela pequenas fissuras por toda parte. Batendo na terra, faz surgir um som oco e, cavando neste lugar, aparecem tubérculos de diversos tamanhos (Quadro 9). Alguns medem um metro, com 20 a 30 cm de diâmetro, outros são arredondados, mas todos cheios de água. Água refrescante, com um leve sabor de frutas, armazenada no tecido esponjoso da raiz. Vaqueiros, nas suas longas viagens pela Caatinga, muitas vezes até hoje, usam a "batata do umbuzeiro", para saciar sua sede. No fim da estação das águas, quando o ciclo da frutificação terminou, a árvore utiliza toda sua energia, para armazenar a água ainda contida no solo. Em seguida se liberta das folhas, para evitar qualquer transpiração pela superfície folhar.
E o xilopódio, a "batata", protege a água armazenada com muita eficiência da alta taxa de evaporação do Semi-árido Brasileiro.

 

 

 

 

 

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