Um relatório da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), estima que aproximadamente um terço da produção global de alimentos, ou 1,3 bilhão de toneladas, é perdido anualmente. Se todo esse desperdício fosse reduzido pela metade, bastaria um aumento na produção de alimentos na ordem de 25% para atender a demanda da população mundial. As principais causas desse prejuízo estão relacionadas às condições de armazenamento, transporte e exposição dos produtos em locais inadequados.
O desperdício de alimentos apresenta outras causas variadas e o estágio de desenvolvimento de um país interfere no tipo de perda. Em países desenvolvidos, cerca de um quarto dos alimentos comprados pelas famílias vai parar no lixo. Nos países em desenvolvimento, o prejuízo maior ocorre devido à inadequação da infraestrutura de pós-colheita. No caso de hortaliças e frutas, que são perecíveis e geralmente consumidas frescas, os cuidados após a colheita devem ser intensivos tanto para evitar danos mecânicos, que podem servir para entrada de microrganismos causadores de doenças, quanto para garantir as qualidades do alimento relacionadas a sabor, aroma e consistência.
Pesquisas apontam que no Brasil, os/as agricultores/as familiares tem desenvolvido práticas e equipamentos que muito contribuem para a conservação de alimentos especialmente nos períodos de pós-colheita de hortaliças, fase que compreende seleção, classificação, limpeza, armazenamento, transporte e comercialização.
O simple uso de um carrinho para transporte, uma mesa para seleção de produtos e uma unidade móvel de sombreamento, que já estão sendo utilizados em lavouras faz toda a diferença. São equipamentos simples de produzir, possuem baixo custo e oferecem ganhos imediatos, inclusive para a saúde do agricultor.
O aprimoramento ininterrupto dos sistemas produtivos e das técnicas de manejo por meio do aporte de tecnologia de produção é considerado primordial para que os cultivos agrícolas superem, rapidamente, os desafios que ameaçam a produtividade. Se, por um lado, é preciso aumentar a disponibilidade de alimentos, por outro, torna-se fundamental assegurar que os alimentos não sejam desperdiçados nas etapas seguintes à produção, principalmente quando um a cada oito habitantes do planeta passa fome.
O valor da sombra
"A exposição ao sol, mesmo que por períodos curtos, acelera a desidratação e o amadurecimento, tornando as hortaliças mais suscetíveis à podridão e menos atraentes para o consumidor", explica a pesquisadora Milza Moreira Lana, da Embrapa Hortaliças. Ela explica que a menor durabilidade não reduz somente o tempo disponível para o agricultor escoar a produção, como também prejudica a renda, já que produtos deteriorados possuem menor valor comercial.
A Embrapa desenvolveu uma Unidade Móvel de Sobreamento (UMS) para ajudar os agricultores a proteger a produção. Trata-se de uma estrutura simples e de baixo custo que deve ser instalada próxima à lavoura para receber as hortaliças após a colheita. Ela oferece grande vantagem já que exige muito menos recursos do que a construção de um galpão. Para Gilberto dos Santos, agricultor familiar do Núcleo Rural Pipiripau "A estrutura serve para frutas como maracujá, que estragam rapidamente debaixo do sol. Para os produtores que não têm dinheiro para construir um galpão, acaba sendo uma alternativa muito boa porque não precisamos ficar expostos para selecionar os produtos".
Com informações do site: https://www.embrapa.br